Thursday, November 17, 2011

Jantar de recepção NDM11


A todos vocês, técnicos, formadores, voluntários e amigos ISU...juntem-se a nós na comemoração de mais um regresso dos voluntários NDM11!
Estamos a preparar um momento de partilha e convívio, envolto em petiscos (comes & bebes), muita alegria e boa disposição!

Confirmem a vossa presença...e juntem-se à Festa!

Thursday, November 10, 2011

Dispidida i ka sabi...

Terra pequena chamada Contuboel...
Contuboel tem mulheres bonitas com roupas de cores vivas, tem criançada por todo o lado a brincar com as piscinas improvisadas nos dias de chuva molhada.
Contuboel tem adultos que aprendem com o mesmo entusiasmo com que as crianças aprendem as letras. Contuboel tem a rádio comunitária com cortes, saltos, emissões muçulmanas, relatos de futebol e chamadas em directo dos técnicos que estão atrasados...
Em contuboel vive-se entre o verde das ervas, o alaranjado da estrada, as grandes extensões de bolanhas, as cabras a pastar, as crianças a lavar a roupa, as bagabagas a criar os seus palácios de terra, borboletas, gafanhotos, grilos, aranhas, formigas de todos os tamanhos, libelinhas, pássaros pequenos, médios e grandes, pirilampos, abutres...
Os camiões carregados do Senegal passam torpes com 5 andares de encomendas com alimentos processados, e a viagem que fazem pelas estradas de pó e buracos de terra batida é só por si uma espécie de epopeia...
As casas, umas mais jovens, outras menos, crescem tranquilas rodeadas de ervinhas. Junto ao mercado os telhados das casas coloniais desfazem-se de forma orgânica como se fossem cogumelos a decompor-se lentamente...
As gentes? O estar, o ter que ir...as despedidas as certezas...

Ana Lua, Edu, Flávia e Irina

Thursday, November 3, 2011

Hora di riba...!

Pára por um momento. Fecha os olhos e imagina-te a fazer uma viagem até ao coração da Guiné-Bissau...




Está rodeado de verde. O horizonte é desenhado por palmeiras, poilões*, trepadeiras e outras centenas de espécies de vegetação. Com alguma sorte, vês macacos e esquilos a atravessarem a estrada cor de sangue. À medida que penetras o mato denso e cheio de vida, encontras pequenas lagoas com nenúfares onde crianças brincam e lavam o corpo. Escuta...Ouves? Dezenas de aves e insectos entoam cânticos hipnotizantes. Tchuba na bin*. O céu grita impaciente e transforma-se rapidamente em pesadas gotas de chuva que te lavam com gosto a pele. "Foté!"* Várias vozes celebram a tua passagem. És bem-vindo aqui. Adormeces sob o céu imenso, embalado pela melodia dos grilos, dos morcegos e de outros animais que não identificas. Amanhece. Gosi, bô bai kata iagu* e o teu corpo entra em sintonia com a corda que sustém o balde. À tarde vai comprar pão, dás mantenhas ao alfaiate Carimo, mergulhas os pés no lodo de mil cores da bolanha*. As coisas simples da vida...Dançar à chuva, trepar árvores, comer mancarra* acabada de ser recolhida da terra, sentar no chão e assistir ao espectáculo que é ver o céu mudar de cor vezes sem conta...A viagem está a chegar ao fim. Acenas a mão, gesto despido de sentido. "Até quando?", ecoa em silêncio partilhado. Olhos embaciados. Corações descompassados chamam por ti como os tambores chamam os pés para dançar. O teu coração responde e à medida que se perde no horizonte, deixa-se confundir com as batidas dos peitos que ficam.

Até um dia, Cassacá.

Ana Gomes, Carolina, Raquel e Sara


Legenda:

*Poilão - Árvore sagrada que existe na Guiné-Bissau

*Tchuba na bin - A chuva vem aí (crioulo guineense)

*Foté - Branco (na língua sussu)

*Gosi, bô bai kata iagu - Agora, vais tirar água ao poço (crioulo guineense)

*Bolanha - Campo de arroz

*Mancarra - Amendoim