Thursday, August 28, 2008

Directamente de Bissau








Vamos tentar voltar ao inicio, áquele instante em que o mundo se susteu e em que, inesperadamente, se desenhou na janela do aviao uma paisagem verdejante, entrecortada por rios serpenteantes de cor castanha, vermelha e azul. Ainda a tentar absorver os diferentes tons de verde, saímos do avião. De imediato, o calor envolve-nos, cola-se-nos e ficamos embebidos num suor inodor e constante. Ainda vai demorar até que o corpo se habitue à temperatura e à humidade. A caminho da Cúria, as nossas instalações e local onde daremos aulas no 1º mes, a avenida principal, enorme, larga, sem luz, que tantas vezes percorreremos a pé ou de toca-toca, uns autocarros azuis e amarelos de ventilação natural.

Nessa altura ainda éramos 7: nós os 4, Margarida, Rita, Tânia e Tiago, e os 3 de Pitche e Pirada, Susana, Francisco e Iza, que devido a um imprevisto se juntaram a nós à última hora, durante três semanas. Difícil foi dizer adeus, de tão habituados que estávamos à presença uns dos outros. Voltamos a ver-nos daqui em duas semanas, nas escapadelas de fim de semana que damos às vezes. Já fomos a Quinhamel e a Cacheu e fora de Bissau, tudo é diferente, mais calmo. E mais limpo, sobretudo. A vida é toda feita na rua e com a época das chuvas, tudo se torna molhado, ensopado e enlameado. Chegamos cobertos de lama (e esta não deve fazer bem à pele!) cada vez que saímos à rua, o que acontece, sobretudo, para irmos ao mercado.

Elegemos o Bandim como o nosso mercado de eleição, nao por ser o mais bonito, nem tão pouco por ser o que de nós está mais perto. Fomos lá logo no primeiro dia e fizémos uma amiga, a Amis, que nos salvaria de ser enganados nos preços, durante toda a estada em Bissau. O Bandim como primeiro contacto na Guiné, revelou-se um tratamento de choque e não iríamos estranhar muita coisa depois. É um mercado desorganizado: os legumes encimam as mesas de madeira, às vezes bidons, que se erguem no chão, quase sempre de lama (pelo menos nesta altura, época das chuvas, que durará toda a nossa estadia). Os odores misturam-se e alguns tornam-se nauseabundos, sobretudo depois de passarmos ao lado de uma gaiola com gatos na zona da carne. Não sabemos se será devido a esta imagem ou à ex-presença de um membro do outro grupo que era vegetariano, certo é que a carne não tem abundado nas nossas refeiçoes (excepto quando nos convidam para comer). Ao contrário do que esperávamos estamos longe de passar fome e todas as refeições são belos repastos. Sorte a nossa a Guiné ser um país de produtos agrícolas variados. As mangas, aqui mango, são o nosso fruto de eleição, muito mais saborosas do que em Portugal e bem mais baratas (50 cfa cada, cerca de 0,077€).

O nervoso inicial em relação à formação passou rapidamente, ou melhor, quase não existiu, desvanescendo-se assim que entrámos a primeira vez na sala. As formandas são amorosas e muito dedicadas. As dificuldades são notórias e o trabalho que há a fazer é infinito. Ambas as formações, Português e Matemática, correm muito bem e têm-se revelado muito recompensadoras. Dificil vai ser dizer adeus já na sexta-feira. Vamos voltar de certeza no próximo mês para matar saudades.




Tudo na Guiné tem sido uma agradável surpresa. Exceptuamos, obviamente, os mosquitos, que parecem ter ganho imunidade ao repelente, e que insistem em morder-nos persistentemente.
Já temos algumas saudades, mas nada que nos faça querer regressar.
Mantenhas para todos!






Equipa NDM Bissau 2008.



Tânia Vicente, Margarida Madureira, Rita Fraga e Tiago Pinto

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